Abril - Mês do Autismo
- Maria do Mar Vieira
- 5 de abr.
- 2 min de leitura


Autismo. Vivemos constantemente a tentar-nos integrar na sociedade. Mascaramos as nossas características, muitas vezes sem darmos conta. Fingimos que olhamos nos teus olhos. Treinamos as conversas na nossa cabeça antes de as termos com alguém. Entrelaçamos os dedos das mãos para não sair nenhuma estereotipia. Fingimos estar doentes para não irmos a um evento social, quando na verdade a ansiedade e o pânico nos impede de ir. Tentamos respirar fundo e não fazer uma cena, porque alguém se sentou no nosso lugar. Resguardamo-nos quando está muita confusão e vamos embora mais cedo quando está muito barulho.
É tudo novidade, é tudo desconhecido. Não sabemos como nos comportar. Parece que viemos de outro mundo, e que ninguém nos deu o manual de instruções deste planeta.
Há sons que mais ninguém ouve, há conversas em entrelinhas que não percebemos, há uma grande intensidade de sentimentos e o não saber identificar emoções, há o não saber quando é a nossa vez de falar e o que dizer em certas situações, há o nosso corpo se mexer sozinho sem o conseguirmos controlar, há explosões e há silêncios, há o não conseguir fazer mais nada até a hora do compromisso chegar, há os dias seguintes a um evento social que ficamos deitados com uma manta sem conseguirmos fazer seja o que for.
Obstáculos e desafios, muitas vezes impostos pela sociedade. O diagnóstico chega e dá significado à nossa vida. Percebemos quem somos e porque somos assim. E depois vem a hora de lutarmos. De enfrentarmos tudo à nossa frente. De saltarmos por cima de todas as pedras que aparecem no caminho. E de celebrarmos essas pequenas vitórias.
Estamos rodeados por um véu que a sociedade nos cobriu à nascença. Com a idade e com o apoio certo, puxamos esse véu, uma mão por cima a sair, um respirar ofegante, uma força vinda não se sabe de onde. E começamos a furar essa barreira.
Todos olham para nós com olhar de lado, de desprezo, outros como se fossemos génios, superações e heróis. Mas somos apenas humanos, como toda a gente, a lutar pela nossa vida, a querer viver, a querer ser feliz.
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